Passaram a encontrar-se entre Marburgo e Berlim, numa cidade que ficava no percurso do comboio. O prazer da espera conservava o seu gosto proibido. Marcavam encontro nas estações e depois ele levava-a para quartos de hotel. O corpo a corpo ainda era vivo,mas sobrava o resto do tempo. Tão longo, tão estúpido. Martin vestia-se, ia-se embora.
Quando nos voltamos a ver?
Proximamente.
O que é o próximo?
O ser,na sua emergência.
Mas quando?,diz.
Ele não responde.
Agora não, nem tão cedo.
-Sabes bem que não sou dono do meu tempo - dizia ele.
Martin mantinha Hannah em sentinela. E ela submetia-se. A espera exacerbava o amor até á dor, como a ferida de uma criança cuja crosta ela arranca para fazer deitar sangue,por gosto. Muito sangue tinha corrido por debaixo das pontes que ligavam as estações dos comboios, e muito prazer também.
-Sabes bem que não sou dono do meu tempo - dizia ele.
Martin mantinha Hannah em sentinela. E ela submetia-se. A espera exacerbava o amor até á dor, como a ferida de uma criança cuja crosta ela arranca para fazer deitar sangue,por gosto. Muito sangue tinha corrido por debaixo das pontes que ligavam as estações dos comboios, e muito prazer também.
A crosta infectava só um pouco, mas sem septicemia.
Até ao dia do encontro gorado na plataforma da estação de Heidelberga.
Até ao dia do encontro gorado na plataforma da estação de Heidelberga.
Grangena fulminante, amputação do amor. A ferida cicatrizou, formando uma crosta espessa que Hannah deixou sossegada. Operação bem sucedida.
Hannah já não arranhava a ferida que julgava curada.
Hannah já não arranhava a ferida que julgava curada.
Um dia, depois da separação, Martin fora a Berlim visitar o jovem marido de Hannah. E a ferida voltou a abrir.(...)
"O Ultimo encontro", de Catherine Clément
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