A imaginação nunca se detém no hoje; a projecção é inevitável; o homem projecta e projecta e projecta, indefinidamente, e vai traçando trajectórias. A cotidianidade em nenhum caso é indefinida: mudam as coisas que compôem a circunstância, passam as idades, produz-se o envelhecimento, ao final encontra-se a morte, própria e alheia. Ao despertar, sobretudo se se faz à felicidade, se imagina e projecta, mas se percebe que não é possível continuar indefinidamente. A cotidianidade, e isso é fundamental, finge uma ilusão de eternidade: se o homem faz todos os dias as mesmas coisas, tem a impressão de que o poderá fazer sempre; não é verdade, e o sabe, mas a cotidianidade dá uma ilusão de perenidade, sem a qual a vida seria angustiante.
Julián Marías, A Felicidade Humana
1 comentário:
Olá
Blog interessante e simpático, parabéns!
Voltarei com mais tempo
Um abraço de,
Luís Portugal
Enviar um comentário