sábado, 7 de fevereiro de 2009



Fala-se geralmente dos poetas como de pessoas em quem não se pode depositar muita confiança, sob o ponto de vista psicológico, mas os factos e a história contradizem completamente esse preconceito. Muitos dos poetas verdadeiramente grandes foram, não somente equilibrados, mas também dotados de senso prático; (…) A imaginação não gera a insanidade; o que gera a insanidade é exactamente a razão. Os poetas não enlouquecem, mas os jogadores de xadrez, esses, sim, enlouquecem. Os matemáticos e os contadores muitas vezes ficam doidos; os artistas criadores muito raramente. Não pretendo, como se verá adiante, atacar a lógica: quero apenas frisar que é aí, na lógica, e não na imaginação, que está o perigo. A paternidade artística é tão salutar como a paternidade física. Deve-se notar, além disso, que os poetas realmente mórbidos foram os que tiveram algum ponto fraco de racionalismo. (…)
O facto geral é simples. A poesia é sã porque flutua à vontade num mar infinito; a razão, porém, procura atravessar o mar infinito, tornando-o finito. O resultado disso é um esgotamento mental (…). Aceitar todas as coisas é um exercício, mas compreender todas as coisas é um frenesim. O poeta procura apenas a exaltação e a expansão, isto é, procura um mundo onde se possa distender. Pretende ele, simplesmente, enfiar a cabeça nos céus, ao passo que o lógico se esforça por enfiar os céus na cabeça. E é a cabeça que estala.




Chesterton in,"The Poet and the Lunatics"


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