sábado, 10 de novembro de 2007



A vida já é bastante penosa para que ainda a agravemos com proibições e obstáculos aos seus deleites; tão arisca se mostra a felicidade que todas as portas por onde ela queira entrar devem permanecer escancaradas. A carne enfraquece muito precocemente - e os olhos olham com melancolia para os prazeres de outrora. Muito rapidamente todas as alegrias perdem a vivacidade - e admiramo-nos de como pudessem ter-nos interessado tanto. O próprio amor torna-se grotesco logo que atinge os seus fins. Guardemos o ascetismo para a estação própria - a velhice.É este o grande drama do prazer; todas as coisas agradáveis acabam por amargar; todas as flores murcham quando as colhemos, e o amor morre tanto mais depressa quanto é mais retribuído. Por isso o passado parece-nos sempre melhor que o presente; esquecemos os espinhos das rosas colhidas; saltamos por cima dos insultos e injúrias e demoramo-nos sobre as vitórias. O presente parece muito mesquinho diante de um passado do qual só retemos na memória o bom, e diante de um futuro que ainda é sonho. O que alcançamos nunca nos contenta; «olhamos para diante e para trás em procura do que não está ali»; não somos bastante sábios para amar o presente do mesmo modo que o amaremos quando se tornar passado. Quando mergulhamos num prazer, o nosso olhar vai para longe - a felicidade ainda não está alcançada apesar de termos o deleite nos nossos braços. Que mau demónio nos afeiçoou assim?





Will Durant, in 'Filosofia da Vida'

3 comentários:

Helena Magalhães disse...

É exactamente isso lolol so me deu vontade de rir porque realmente nunca sabemos aproveitar o presente. Pensamos sempre no passado como uma memoria tãaaao boooa que nunca mais voltará e acabamos por nao dar real valor aquilo que estamos a ver. Somos um povo melancolico que se ha-de fazer? :P

SOLER disse...

Tienes razon Carolina,nos prohibimos muchas cosas, y si las juntamos con las que nos prohiben, son demasiadas.
Que nos dejen vivir, sin molestar a nadie pero con libertad.

dreams.and.nigthmares disse...

Helena de Tróia:
Nem mais.
Sorte que eu mantenho sempre vivas as memorias dos motivos,assim não ha deslizes,nem voltas a trás.
Bem resolvida eu,tudo fechadinho lá atras :P


Soler:
Bem vindo :)
Foste ao lado do assunto,mas percebe-se,dificuldade na interpretaçao do portugues.
Quanto á tua afirmaçao,"de nós nos proibir-mos em tantas coisas e de outras tantas nos serem proibidas..." a verdade é que se assim nao fosse,seriamos pouco diferentes dos animais,sem regras,nem leis. São demasiadas,concordo,especialmente as morais,mas a liberdade de cada um vinga no seu intelecto e na capacidade que este tem de a usufruir per si. Eu penso assim.
beijinho