Quando fazemos amor com uma nova mulher, vimo-nos por causa da paixão. Quando fazemos amor com uma esposa, vimo-nos por causa da fricção. A paixão é luxúria idolatrada pelo frémito. O frémito no casamento é reduzido a cinzas, e o que resta é uma luxúria insignificante, uma contribuição inevitável à fisiologia.Só depois do meu casamento é que eu percebi até que ponto a paixão é espiritual. A alma perde o frémito, que só se obtém através da novidade. Lutar pela novidade é o mesmo que lutar pelo conhecimento, acerca do qual Deus nos advertiu. Se o conhecimento é pecaminoso, então tudo o que é novo é pecaminoso. É por isso que a força dos laços familiares se baseia na tradição e no costume antigo. A intrusão da novidade, do novo conhecimento no casamento, só o destrói. Cada adultério é uma renovação do pecado do conhecimento. No casamento, a espiritualidade do frémito pela nossa mulher não desaparece, transforma-se em filhos, transforma-se na alma da criança. Talvez seja por isso que a Igreja Católica, embora ciente de que o frémito desaparece no casamento, considera a cópula pecaminosa se não tiver o objectivo de engravidar. Esta proibição prolonga a vida da paixão, porque o período de continência é tão longo que, quando os esposos caem avidamente nos braços um do outro para conceber um novo bebé, o tédio é esquecido e o frémito revive. Dali a um mês ou dois, o frémito desaparece outra vez e é substituído pelo hábito, mas nesta altura a mulher está outra vez grávida e a cópula tem de parar, de acordo com a proibição.
Alexander Puschkine, in ‘Diário Secreto’
2 comentários:
Nao gosto da palavra adultério, é demasiado "real" para aquilo que eu quero que um dia seja a minha vida. E essa é das palavras que eu espero nunca ter que usar. Infelizmente os homens sao todos uma mierda e deles nada de bom poderá um dia vir.. ahh okay um bébe, sim isso é bom. Depois da paixão morrer, o que fica é a amizade, a convivencia, a confiança e se nem isso eles nos dão , de que serve então um casamento?
Nice pants by the way ;)
Helena de Troia:
Thanks ;)
Eu acredito que há muito no meio de uma longa relaçao para a fazer durar,motivos bem mais fortes do que a mera obrigaçao.
A convivencia ás vezes é a supra sumo do prolongamento...
Se o amor morre ou nao,ou se apenas se habitua,nao sei.
O que sei é que nao concebo uma relaçao sem amor,entrega,paixao. Por isso...
Mas a monotonia é tramada,e já o outro dizia que o hábito faz o monge,mas epá,eu ainda acredito que pode haver o para sempre.
beijinhos
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