segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Interrogação



Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do "Cântico dos cânticos".
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.






Camilo Pessanha

2 comentários:

Helena Magalhães disse...

"Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de inverno."

Que saudades de me voltar a apaixonar, de sentir borboletas no estomago, de rir só de pensar no sorriso... aiaiaiai

dreams.and.nigthmares disse...

Helena de Troia:
É... E de voar,de andar aqueles dias a coabitar noutro qualquer planeta :)