A vida seguiu o seu curso, apaixonaram-se novamente, sofreram mais uma vez – ou muitas – eventualmente casaram-se, tiveram filhos, viveram coisas totalmente paralelas. Mas a história está lá, no que eu chamo de “ canto escuro do coração”. Uma vez ou outra – geralmente quando a vida está destemperada – abrem os seus “baús de recordações” e dão de cara com ela: a história mal resolvida, o conto de fadas que não se realizou.
Então fantasiam um romance perfeito.
Esquecem o que os fez romper, deixando para trás aquela pessoa. De repente, ela é o parceiro ideal.
Na imaginação fugaz, não tem defeitos, não envelheceu, jamais errou: virou um ser etéreo, personagem de uma memória que só abarca o sonho.
Dentro desse cenário “o que não foi” é o que realmente incomoda. E cria corpo. O “como teria sido se…” começa a andar ao encalço quando se rejeita a realidade: ele agiganta-se e toma o leme. As rédeas de duas vidas – ou mais – correm o risco de pararem nas mãos de um destino inventado.
Estou a escrever sobre isso porque conheço algumas histórias assim – com frequência nos últimos meses. O mundo parece que tem febres e esta deve ser uma delas nesta temporada: tentar recomeços – tu também deves conhecer casos sobre o empenho em reconquistar os/as ex.
Os envolvidos dizem que estão “tatuados” por aquele amor e que, mesmo que o esqueçam, o superam, o deixam para lá, a “tatuagem” os chama de volta. Então, correm atrás do “tempo perdido”, tentando recuperar o tempo e o amor, com uma força de vontade e espírito surpreendentes.
Infelizmente, raramente dá certo. Na ânsia de uma re–união – quase impossível, eu diria – esquecem de avaliar quem é o outro depois que seguiu um caminho o qual eles não tiveram acesso. Esquecem, inclusive, que não são mais, eles mesmos, os mesmos de cinco, dez, quinze, vinte anos atrás.
Entretanto, não adianta alertar: precisam passar pela frustração para entender que alguns amores simplesmente têm dia e hora para acabar, e uma vez de frente a esse momento, murcham, morrem, extinguem-se. Deixam marcas, saudades, lembranças, mas não nos pertencem mais.
É pena que muita gente viva nesse círculo vicioso do irrecuperável, em tentativas vãs, que só causarão mais dor. Ao invés de irem em frente, pés no chão, preferem focar-se no devaneio louco que acabará por levá-las para dentro de si mesmas com a irremediável pergunta: “Que é que estou a fazer comigo?”
Eu tive sorte neste sentido: fechei todos os ciclos. Olho para as minhas histórias de amor com carinho junto á certeza de que elas foram vividas intensamente e ficaram onde devem ficar: no passado. Sem ilusões…
(autor desconhecido)
...porque concordo.
2 comentários:
Só quem realmente passa pelas situações pode sentir o poder destas palavras...
Como te entendo, não tive foi a tua força...
Gabriela:
Quando damos tudo,insistimos ,damos oportunidades,entregamo-nos completamente e fazemos tudo o que está ao nosso alcance e fora dele,e mesmo assim as coisas nao funcionam, a nossa consciencia tem o que precisa pra sair livre ,com a certeza que a nossa parte ali está cumprida. O desfecho surge de uma conciencia tranquila que sabe que de alguma maneira ou de outra deixou de fazer sentido continuar a apostar naquela relaçao,ou porque as pessoas nao são no fundo o que esperávamos,ou porque a vida veio-nos mostrar que caminhavámos em caminhos diferentes.Então,nada mais certo,do que baixar os braços,e desistir.Fechar um ciclo e seguir.É obvio que custa.Custa sempre começar de novo.E junta-se á vida mais uma decepçao,exactamente porque demos tudo e nao conseguimos ser ali felizes.
Carinho fica sempre.Respeito e admiraçao tambem.Aliás,so podemos acarinhar quem se dedicou a nós,e nos aceitou sem defesas e com defeitos. Mas é carinho só.A certza do motivo do fim ,está lá sempre presente e nao muda independentemente da circunstancia. Daí que eu ache que é importante que todas as portas fiquem bem fechadas,(as minhas estão)porque caso contrário, corres o risco de uma rajada de vento as voltar a abrir...
bejinhos
Enviar um comentário