quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Para sempre ou até ao fim?!?!



"Nao precisa ser para sempre, mas precisa ser ate o fim!" - Rosana Braga

"Para sempre" é nada mais nada menos que um dia depois do outro. Ou seja, é construção. Em princípio, não existe. Mas basta que façamos a mesma escolha sucessivamente e teremos construído o "para sempre".
O que quero dizer é que o "sempre" não é magia nem tão pouco um tempo que pré-exista. Ele é consequência. Nada mais que consequência de uma sucessão de dias, vividos minuto por minuto.
Quanto ao amor,há quem acredite que só é de verdade se durar "ate que a morte os separe". Outros, como o grande Vinicius de Moraes poetizou, apostam no "que seja eterno enquanto dure". Eu, neste caso, admiro a coragem de quem vai até ao fim, de quem se entrega inteiramente ao que sente, de quem se permite viver aquilo que o seu coração pede até que todas as chamas se apaguem. Mais do que isso: até que as brasas esfriem e " depois de todas as tentativas " nada mais possa ser resgatado do fogo que um dia ardeu.
Claro que não estou a defender a constância indefinida de atitudes desequilibradas, exageros desnecessários ou situações destrutivas. Mas concordo plenamente com o que está escrito no comovente "Quase", de Sarah Westphal (muitas vezes atribuído a Luiz Fernando Veríssimo): ... "Prós erros há perdão; prós fracassos, chance; prós amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar" ...
Porque de corações partidos por causa de um amor vivido pela metade estão as ruas cheias. Assim como de almas que perambulam feito pontos-de-interrogação, a questionarem-se o que mais poderiam ter feito para que o outro também estivesse presente, para que não fugisse tão furtivamente, tão cobardemente, tão sordidamente.
É por isso que insisto: muito mais do que nos preocuparmos com o "para sempre", precisamos começar a investir no "até o fim", para que o "agora" tenha mais significado, para que as intenções, as palavras, as atitudes e todos os recomeços façam parte de uma historia mais sólida, menos prostituída, que realmente valha a pena.
Sei que, em alguns casos, motivos de força maior impedem um amor de ser vivido (e daí a separação pode ser sinal de maturidade), mas na maioria das vezes o que afasta dois corações é muito mais intolerância, ilusões ou auto-defesas tolas do que algo que realmente justifique o lamentável desfecho.
O outro não quer? Desistiu? Acobardou-se? Ok! Por mais imbecil que seja, é um direito dele. Está certo de que fizeste o que estava ao teu alcance e depois... bem, depois recolhe-te e pondera: "prós amores impossíveis, tempo". Tempo em que tu acabarás por descobrir que a vida tem o seu jeito misterioso de fazer o amor acontecer, mas que " no final das contas " feliz mesmo é quem, apesar de tudo, tem coragem de ir até o fim!

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