sábado, 26 de dezembro de 2009


Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a manhã da minha noite. É verdade que te podia dizer: "Como é mais fácil deixar que as coisas não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos apenas dentro de nós próprios?" Mas ensinaste-me a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou, até sermos um apenas no amor que nos une, contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor; ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo esse que mal corria quando por ele passamos, subindo a margem em que descobri o sentido de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor, de chegar antes de ti para te ver chegar, com a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu: a primavera luminosa da minha expectativa, a mais certa certeza de que gosto de ti, como gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.









Nuno Júdice, in - Pedro, Lembrando Inês

3 comentários:

Suênia Su disse...

pelo pouco que li em seu blog amei,
quero ler mais e conhecer.
PARABÉNS

Maura Milcharek disse...

Cheguei aqui e amei tudo o que eu li...Voltarei mais vezes!
Parabéns!!
beijinhos da Maura

Just by myself disse...

O amor é incompetente.


http://enonalone.blogspot.com/