Por tudo o que me deste
inquietação cuidado
um pouco de ternura
é certo mas tão pouca
Noites de insónia
Pelas ruas como louca
Obrigada, obrigada
Por aquela tão doce
e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui
Sem ironia aceita
A minha gratidão
Que bem que me faz agora
o mal que me fizeste
Mais forte e mais serena
E livre e descuidada
Sem ironia amor obrigada
Obrigada por tudo o que me deste
Por aquela tão doce
e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui
Sem ironia aceita
A minha gratidão!
Florbela Espanca
3 comentários:
"Meu amor minha flor minha menina
Solidão não cura com aspirina
Tanto que eu queria o teu amor
Minha cara, minha Carolina
A saudade ainda vai bater no teto
Até um canalha precisa de afeto
Dor não cura com penicilina
Meu amor minha flor minha menina
Tanto que eu queria o teu amor
Tanto amor em mim como um quebranto
Tanto amor em mim, em ti nem tanto"
Porque será que metade das pessoas que põe este poema na net diz que é de florbela espanca? Ele é sim de Carlos Queiroz
"Carlos Queirós
Poeta português, José Carlos Nunes Ribeiro nasceu em Lisboa em 1907. Convivente de alguns dos fundadores de “Orfeu”, seria, no entanto, a estética presencista que marcaria os seus primeiros poemas. Apesar das nítidas influências da revista conimbricense, sobretudo de Régio, libertar-se-ia delas ao longo de um percurso de autor que, em vida foi exíguo do ponto de vista da publicação em vol. (“Desaparecido”, que desde logo confirmou o poeta lúcido, rigoroso e límpido, que em revistas literárias se revelara: Revista de Portugal, Atlântico, Litoral, entre outras) e que logrou um discreto mas seguro prestígio entre a geração e a que imediatamente se lhe seguiu. Após a sua morte (em Paris, em 1949) surgiu “Poesia Completa”, com inéditos extremamente significativos não só das constantes interiores da sua poesia, mas também da evolução e depuração dos seus processos literários em que se associavam ao classicismo um sentido intelectual de modernidade e ao pendor lírico a exigente temperança de uma vocação analítica. Com isto, uma nostálgica e desencantada visão do amor, do mundo e dos homens que, no entanto, não excluía, neste citadino de raíz e hábitos, uma instintiva intelecção, anímica e sensual, da natureza, da terra e do mar. Toda a sua poesia assinala, assim, na sua geração e para além dela, certas formas criadoras de contradição vital que nela encontraram uma voz muito original e pura. "
Obrigado pela correcção.
Desconhecia o seu autor e por isso mesmo antes de o publicar,tive o cuidado de ir verificar a origem, e de facto surge como sendo de Florbela Espanca em inúmeros blogs e sites. Fica o registo.
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