Dr. Jorge Bucay in "Hay que buscarse un Amante"
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
...
O trágico não é morrer, porque afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém. O trágico é desistir de viver.
Sem ilusões...
Não é raro ouvirmos falar sobre histórias de amor mal resolvidas. São aquelas relações que, por qualquer motivo, não deram certo, terminaram, as partes separaram-se, cada um foi para seu lado.
A vida seguiu o seu curso, apaixonaram-se novamente, sofreram mais uma vez – ou muitas – eventualmente casaram-se, tiveram filhos, viveram coisas totalmente paralelas. Mas a história está lá, no que eu chamo de “ canto escuro do coração”. Uma vez ou outra – geralmente quando a vida está destemperada – abrem os seus “baús de recordações” e dão de cara com ela: a história mal resolvida, o conto de fadas que não se realizou.
Então fantasiam um romance perfeito.
Esquecem o que os fez romper, deixando para trás aquela pessoa. De repente, ela é o parceiro ideal.
Na imaginação fugaz, não tem defeitos, não envelheceu, jamais errou: virou um ser etéreo, personagem de uma memória que só abarca o sonho.
Dentro desse cenário “o que não foi” é o que realmente incomoda. E cria corpo. O “como teria sido se…” começa a andar ao encalço quando se rejeita a realidade: ele agiganta-se e toma o leme. As rédeas de duas vidas – ou mais – correm o risco de pararem nas mãos de um destino inventado.
Estou a escrever sobre isso porque conheço algumas histórias assim – com frequência nos últimos meses. O mundo parece que tem febres e esta deve ser uma delas nesta temporada: tentar recomeços – tu também deves conhecer casos sobre o empenho em reconquistar os/as ex.
Os envolvidos dizem que estão “tatuados” por aquele amor e que, mesmo que o esqueçam, o superam, o deixam para lá, a “tatuagem” os chama de volta. Então, correm atrás do “tempo perdido”, tentando recuperar o tempo e o amor, com uma força de vontade e espírito surpreendentes.
Infelizmente, raramente dá certo. Na ânsia de uma re–união – quase impossível, eu diria – esquecem de avaliar quem é o outro depois que seguiu um caminho o qual eles não tiveram acesso. Esquecem, inclusive, que não são mais, eles mesmos, os mesmos de cinco, dez, quinze, vinte anos atrás.
Entretanto, não adianta alertar: precisam passar pela frustração para entender que alguns amores simplesmente têm dia e hora para acabar, e uma vez de frente a esse momento, murcham, morrem, extinguem-se. Deixam marcas, saudades, lembranças, mas não nos pertencem mais.
É pena que muita gente viva nesse círculo vicioso do irrecuperável, em tentativas vãs, que só causarão mais dor. Ao invés de irem em frente, pés no chão, preferem focar-se no devaneio louco que acabará por levá-las para dentro de si mesmas com a irremediável pergunta: “Que é que estou a fazer comigo?”
Eu tive sorte neste sentido: fechei todos os ciclos. Olho para as minhas histórias de amor com carinho junto á certeza de que elas foram vividas intensamente e ficaram onde devem ficar: no passado. Sem ilusões…
A vida seguiu o seu curso, apaixonaram-se novamente, sofreram mais uma vez – ou muitas – eventualmente casaram-se, tiveram filhos, viveram coisas totalmente paralelas. Mas a história está lá, no que eu chamo de “ canto escuro do coração”. Uma vez ou outra – geralmente quando a vida está destemperada – abrem os seus “baús de recordações” e dão de cara com ela: a história mal resolvida, o conto de fadas que não se realizou.
Então fantasiam um romance perfeito.
Esquecem o que os fez romper, deixando para trás aquela pessoa. De repente, ela é o parceiro ideal.
Na imaginação fugaz, não tem defeitos, não envelheceu, jamais errou: virou um ser etéreo, personagem de uma memória que só abarca o sonho.
Dentro desse cenário “o que não foi” é o que realmente incomoda. E cria corpo. O “como teria sido se…” começa a andar ao encalço quando se rejeita a realidade: ele agiganta-se e toma o leme. As rédeas de duas vidas – ou mais – correm o risco de pararem nas mãos de um destino inventado.
Estou a escrever sobre isso porque conheço algumas histórias assim – com frequência nos últimos meses. O mundo parece que tem febres e esta deve ser uma delas nesta temporada: tentar recomeços – tu também deves conhecer casos sobre o empenho em reconquistar os/as ex.
Os envolvidos dizem que estão “tatuados” por aquele amor e que, mesmo que o esqueçam, o superam, o deixam para lá, a “tatuagem” os chama de volta. Então, correm atrás do “tempo perdido”, tentando recuperar o tempo e o amor, com uma força de vontade e espírito surpreendentes.
Infelizmente, raramente dá certo. Na ânsia de uma re–união – quase impossível, eu diria – esquecem de avaliar quem é o outro depois que seguiu um caminho o qual eles não tiveram acesso. Esquecem, inclusive, que não são mais, eles mesmos, os mesmos de cinco, dez, quinze, vinte anos atrás.
Entretanto, não adianta alertar: precisam passar pela frustração para entender que alguns amores simplesmente têm dia e hora para acabar, e uma vez de frente a esse momento, murcham, morrem, extinguem-se. Deixam marcas, saudades, lembranças, mas não nos pertencem mais.
É pena que muita gente viva nesse círculo vicioso do irrecuperável, em tentativas vãs, que só causarão mais dor. Ao invés de irem em frente, pés no chão, preferem focar-se no devaneio louco que acabará por levá-las para dentro de si mesmas com a irremediável pergunta: “Que é que estou a fazer comigo?”
Eu tive sorte neste sentido: fechei todos os ciclos. Olho para as minhas histórias de amor com carinho junto á certeza de que elas foram vividas intensamente e ficaram onde devem ficar: no passado. Sem ilusões…
(autor desconhecido)
...porque concordo.
...
HEAVEN and HELL
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso alheio vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo:"Fui eu?"
Deus sabe porque o escreveu.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso alheio vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo:"Fui eu?"
Deus sabe porque o escreveu.
Alberto Caeiro
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
QUATRO COISAS IRRECUPERÁVEIS!
terça-feira, 28 de agosto de 2007
Momentos de lucidez...
Momentos...
Há momentos na vida que temos que abrir mão de tudo o que fazia sentido, das nossas verdades e do que reputávamos como sendo os nossos valores. Constatamos que eles se tornaram inúteis ao nosso crescimento, já fazem parte do passado e a vida, não se detém olhando para trás, antes, caminha para a frente, em busca de novos acontecimentos.
Há momentos na vida que todas as vigas mestras que asseguravam a nossa sustentação vêm abaixo e a casa cai, independente da nossa tácita recusa ou inaceitação.
Há momentos na vida que ficamos sem saber para onde ir, que nada consegue nos alegrar, motivar ou seduzir e, em compasso de espera, vamos assistindo à fragmentação das nossas estruturas, agora transformadas em quimeras.
Nestes momentos ( que têm o peso de uma eternidade), nada nem ninguém pode fazer nada por nós ... estamos definitivamente vazios e sós, porque até a Natureza se cala e Deus perde a fala, indiferente ao nosso torpor.
Em meio à dor, esmiuçamos o que sobrou de nós, remexemos entre os escombros e descobrimos que algo ainda não morreu.
Tênue e frágil, lá está uma pequena centelha de esperança, aguardando uma viragem do destino, que certamente nos surpreenderá com novas alegrias ... e com tantos outros desatinos.
Momentos ...
Somos castigados por nossas renúncias. Cada impulso que tentamos aniquilar germina na nossa mente e nos envenena. Pecando, o corpo liberta-se do seu pecado, porque a acção é um meio de purificação. Nada resta então a não ser a lembrança de um prazer ou a volúpia de um remorso...
Os inimigos da verdade não são as mentiras, mas as convicções...
Nossas convicções é que impedem que a verdade se estabeleça nas nossas vidas, são as convicções que nos aprisionam, nos limitam e nos segmentam, impedindo de nos desenvolver-mos com singularidade.(...) mas se alguém prefere apenas se manter integrado, melhor adoptar então meia-dúzia de convicções e seguir obediente a fila da procissão... porque olhar para dentro de si mesmo, profundamente, é sempre muito perturbador...
Há momentos na vida que temos que abrir mão de tudo o que fazia sentido, das nossas verdades e do que reputávamos como sendo os nossos valores. Constatamos que eles se tornaram inúteis ao nosso crescimento, já fazem parte do passado e a vida, não se detém olhando para trás, antes, caminha para a frente, em busca de novos acontecimentos.
Há momentos na vida que todas as vigas mestras que asseguravam a nossa sustentação vêm abaixo e a casa cai, independente da nossa tácita recusa ou inaceitação.
Há momentos na vida que ficamos sem saber para onde ir, que nada consegue nos alegrar, motivar ou seduzir e, em compasso de espera, vamos assistindo à fragmentação das nossas estruturas, agora transformadas em quimeras.
Nestes momentos ( que têm o peso de uma eternidade), nada nem ninguém pode fazer nada por nós ... estamos definitivamente vazios e sós, porque até a Natureza se cala e Deus perde a fala, indiferente ao nosso torpor.
Em meio à dor, esmiuçamos o que sobrou de nós, remexemos entre os escombros e descobrimos que algo ainda não morreu.
Tênue e frágil, lá está uma pequena centelha de esperança, aguardando uma viragem do destino, que certamente nos surpreenderá com novas alegrias ... e com tantos outros desatinos.
Momentos ...
Somos castigados por nossas renúncias. Cada impulso que tentamos aniquilar germina na nossa mente e nos envenena. Pecando, o corpo liberta-se do seu pecado, porque a acção é um meio de purificação. Nada resta então a não ser a lembrança de um prazer ou a volúpia de um remorso...
Os inimigos da verdade não são as mentiras, mas as convicções...
Nossas convicções é que impedem que a verdade se estabeleça nas nossas vidas, são as convicções que nos aprisionam, nos limitam e nos segmentam, impedindo de nos desenvolver-mos com singularidade.(...) mas se alguém prefere apenas se manter integrado, melhor adoptar então meia-dúzia de convicções e seguir obediente a fila da procissão... porque olhar para dentro de si mesmo, profundamente, é sempre muito perturbador...
Caminhámos por muitas décadas(...)
Temos culturas demais, filmes demais, livros demais, músicas demais, lirismos demais, não importa o quê,desejamos muito 'acreditar' em alguma coisa,seja nova ou velha, feia ou bonita, numa razão qualquer para se viver...mas não acreditamos em nós mesmos que temos a beleza insuportável de estarmos vivos!
Embora haja muita coisa ruim neste mundo, a pior delas ainda é a 'sociedade'!
Arthur Schopenhauer
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
sábado, 25 de agosto de 2007
Esperar...
Quando se ama alguém, tem-se sempre tempo para essa pessoa. E se ela não vem ter connosco, nós esperamos. O verbo esperar torna-se tão imperativo como o verbo respirar. A vida transforma-se numa estação de comboios e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar.(...)
Imagina que te escrevo em voz baixa. Falamos sempre baixo quando queremos que acreditem nas nossas palavras. E tudo o que aqui escrevo é verdade.
Escrevemos porque ninguém ouve. Escrevo-te porque estás longe, numa cidade onde o nevoeiro roubou o ar ao sol e as pessoas pensam mais do que sentem.(...)
Escrevemos porque ninguém ouve. Escrevo-te porque estás longe, numa cidade onde o nevoeiro roubou o ar ao sol e as pessoas pensam mais do que sentem.(...)
Espero por ti porque acho que podes ser o homem da minha vida. E espero por ti porque sei esperar, porque nos genes ou na aprendizagem da sabedoria mais íntima e preciosa, há uma voz firme e incessante que me pede para esperar por ti. E eu gosto de ouvir essa voz a embalar-me de noite antes de, tantas e tantas vezes, te encontrar nos meus sonhos, e a acalentar-me de manhã, quando um novo dia chega e me faz pensar o quão longa e inglória pode ser a minha espera.
(…)
Quando estou aqui sentada, a namorar o mar e a escrever este diário por ti e para ti, porque é mesmo para ti,(...) sinto-me feliz e não me sinto só. (...)
Gosto de acreditar que tenho o dom de tornar realidade as minhas ficções. E, neste momento, tu és a minha mais bela ficção, um sonho que acalento como uma criança que cresce, sabendo que a espera será grande, será arriscada e ninguém sabe se será frutífera. O objectivo não é o mais importante, mas sim o caminho que se percorre para o alcançar.
(...)
Não sei que espécie de caminhante sou, para onde vou, não sei. Nem sei para onde vais. Nem tu sabes. Pode ser que um dia acordes com uma luz nova, uma força desconhecida que te vai trazer até mim… Sei que há uma força estranha que me faz correr para ti, embora nunca, em nenhuma circunstancia, corra atrás de ti, porque não posso, não me é permitido interferir no teu destino e mudar o curso da tua vida. Isso, terás que ser tu a fazê-lo, por ti e para ti, se assim o entenderes.(...)
Margarida Rebelo Pinto,in Diário da tua Ausência
(obs: Comentário de um anónimo á entrada " Um dia,SIM",encortado,e mantido a grafia original)
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Gosto.
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
PORQUE...
O teu beijo
Um dia,SIM...
Meu MUNDO,minhas REGRAS.
A cada dia que vivo, mais me convenço que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.”
(Carlos Drummond de Andrade)
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.”
(Carlos Drummond de Andrade)
Paixão
As paixões opõem-se às paixões, e podem servir de contrapeso umas às outras; mas a paixão dominante não se pode conduzir senão pelo seu próprio interesse, real ou imaginário, porque ela reina despoticamente sobre a vontade, sem a qual nada se pode. Contemplo humanamente as coisas, e acrescento nesse espírito: nem todo o alimento é próprio para todos os corpos; nem todos os objectos são suficientes para tocar determinadas almas. Quem acredita serem os homens árbitros soberanos dos seus sentimentos não conhece a natureza; (...)Os sábios enganam-se quando oferecem a paz às paixões: as paixões são inimigas dela.(...)
Nós não conhecemos os defeitos de nossa alma; mas ainda que pudéssemos conhecê-los, raramente haveríamos de os querer vencer.As nossas paixões não são distintas de nós mesmos; algumas delas são todo o fundamento e toda a substância da nossa alma.(...)
Dêem-me um espírito mais justo, mais amável, mais penetrante, aceito com alegria todos esses dons; mas se me tiram também a alma que deve desfrutar dele, esses presentes não são nada para mim.
Nós não conhecemos os defeitos de nossa alma; mas ainda que pudéssemos conhecê-los, raramente haveríamos de os querer vencer.As nossas paixões não são distintas de nós mesmos; algumas delas são todo o fundamento e toda a substância da nossa alma.(...)
Dêem-me um espírito mais justo, mais amável, mais penetrante, aceito com alegria todos esses dons; mas se me tiram também a alma que deve desfrutar dele, esses presentes não são nada para mim.
(...) A virtude sincera não abandona os seus amantes; (...)
Luc de Clapiers Vauvenargues, in 'Das Leis do Espírito'
Luc de Clapiers Vauvenargues, in 'Das Leis do Espírito'
Diário da tua ausência.
DEIXEI-TE PORQUE...
Já nos separámos há uns tempos, por isso espero que não te importes que eu diga que nada me deixaria mais satisfeita do que ter a certeza que seguiste em frente, sem olhar para trás. Mas sei que vai ser difícil fazeres isso. Naquele dia vi os teus olhos de relance e vi raiva,escuridão,e tanta mágoa.
Continua tudo lá, ao fim de tanto tempo.
Ainda não percebeste porque é que eu me vim embora,porque é que tive mesmo de o fazer,o que teria acontecido caso tivesse ficado.Também ainda não assumiste a tua parte da culpa em toda a situação nem tentaste entender os motivos que me levaram a partir.
Ainda não percebeste porque é que eu me vim embora,porque é que tive mesmo de o fazer,o que teria acontecido caso tivesse ficado.Também ainda não assumiste a tua parte da culpa em toda a situação nem tentaste entender os motivos que me levaram a partir.
A única coisa que consegues ver é que a culpa foi minha e isso, é fácil de mais,e tão óbvio.
Só que não consigo dizer-te tudo,assim de repente, olhos nos olhos,como deveria.Íamos discutir outra vez e aí a escuridão tomaria conta dos dois e,lamento,mas não sou capaz de voltar ás trevas. Por isso decidi escrever-te,por nós os dois.Porque parte de mim nunca voltará a ser verdadeiramente feliz até tu voltares a ser.
Só que não consigo dizer-te tudo,assim de repente, olhos nos olhos,como deveria.Íamos discutir outra vez e aí a escuridão tomaria conta dos dois e,lamento,mas não sou capaz de voltar ás trevas. Por isso decidi escrever-te,por nós os dois.Porque parte de mim nunca voltará a ser verdadeiramente feliz até tu voltares a ser.
Ouve-me por favor.
Deixei-te porque quando o vento soprava era frio e entranhava-se nos meus ossos e,quando te pedia que me aquecesses, davas-me pouco calor.Talvez eu não te tivesse pedido de forma correcta,talvez até devesse ter-te procurado de forma diferente.Mas acho que,independentemente de tudo,uma parte essencial de quem eu sou ganhou vida própria e,sem eu saber,foi á procura de mais.
Deixei-te porque foi crescendo em mim um fosso de ressentimentos e solidão onde eu me fui afundando.Um pouco mais a cada dia que passava…
Entreguei-me a uma busca permanente,ainda que secreta,de algo mais,de uma outra forma de vida,de uma outra estrada que me conduzisse a um estado de felicidade que eu sei que existe,embora sempre tenha achado que era só para algumas sortudas,e me tenha perguntado tantas vezes porque é que não poderia ser uma delas ou (pior ainda!)talvez pudesse.
Deixei-te porque não podia ficar e continuar viva.
Deixei-te porque estava a morrer. Não metaforicamente. Um dia sonhei que estava á beira de um abismo e que uma mão me agarrou o braço esquerdo.Ou seria o direito? É indiferente. A verdade é que essa imagem me perseguiu durante anos.Agora desapareceu.
Actualmente,quando penso na hora da minha morte,vejo-me com 90 anos,cheia de rugas,a andar numa praia.Sinto-me feliz e ansiosa por voltar para casa,para os braços dele.
Deixei-te porque só se vive uma vez e viver fingindo que somos outra pessoa é,no mínimo,errado.
Deixei-te porque não podes mudar aquela parte profunda de ti mesmo que ninguém pode mudar,aquela parte que sonha á noite,que precisa que o seu mundo tenha uma determinada ordem. Não te culpo por isso.Eu sei que é difícil mudar. Essa parte de ti teria de morrer e nascer outra. Sei que a tua resposta a isto é que eu nunca te cheguei a dar oportunidade de mudar. Mas o que eu sinto é que te dei essa hipótese todos os dias.
Deixei-te porque o meu coração enorme e vazio precisava estar disponível quando aparecesse a pessoa certa e me visse não como alguém para controlar,mas como uma mulher com valor e interesse,alguém que gostasse do que sentia quando tocasse a minha pele,alguém que tivesse tempo para mim.
Deixei-te porque tu não me amavas. Não. Não de verdade.Hoje sei isso.
Não faz mal.
Agora vou ter de dizer o que tenho de dizer mais uma vez. Não pela primeira vez,mas,provavelmente pela ultima: Desculpa. Mas quero ter a hipótese de ser feliz na vida,de ter uma vida inteira que não seja dominada por um ser enraivecido que deseja desesperadamente algo que nem sabe bem o que é.
Deixei-te porque tinha de ser. Agora tu tens de me deixar a mim. Sem ódio ou raiva. Deixa-me em nome da vida que tens direito a viver,com alguém ao teu lado que te possa dar o coração. E a quem tu possas dar o teu. Talvez nesse momento tu e eu possamos recuperar as nossas memórias. E nós temos tantas! Independentemente de tudo aquilo que eu deixei,essas recordações são preciosas para mim. E essas,eu nunca deixarei.
By John Lennon
"Fizeram-nos acreditar que amor mesmo, amor de verdade, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos.Não nos contaram que amor não é accionado, nem chega com hora marcada.
Fizeram-nos acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém na nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: Nós crescemos através de Nós mesmos.Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram-nos acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram-nos acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.
Fizeram-nos acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que fazem pouco sexo são caretas, que os que fazem muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existem muito mais cabeças tortas do que pés tortos.
Fizeram-nos acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.
Ah, também não contaram que alguém nos vai contar isto tudo.
Cada um vai ter que descobrir sozinho. (...)"
Fizeram-nos acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém na nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: Nós crescemos através de Nós mesmos.Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram-nos acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram-nos acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.
Fizeram-nos acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que fazem pouco sexo são caretas, que os que fazem muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existem muito mais cabeças tortas do que pés tortos.
Fizeram-nos acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.
Ah, também não contaram que alguém nos vai contar isto tudo.
Cada um vai ter que descobrir sozinho. (...)"
Culpo-te
Hoje foi mais um dia que passou…um entre tantos…mais um.
Dói-me a cabeça, cansada de pensar, de vaguear por aí.
Passado...
Não era suposto servires como um farol a iluminar-me o presente? Então porque é que me atracas a ti como um porto?!
Mais um dia…pensei sim…como todos os dias religiosamente o faço.
Queria ser a outra, aquela que inocentemente e ingenuamente ainda acreditava…
Acreditas que me tornei seca? Amarga? Racional?Acreditas que a mesma que amou desmedidamente, a mesma que viveu de amor, e por amor, a mesma que te deu o mundo sem te o pedir de volta…Acreditas que morri? Que não tenho nada, nada mais para dar?Acreditas que já nada cá chega, que nada toca?
Estou presa dentro deste corpo irrequieto que se dá ao luxo de pensar…Já não tenho nada, estou vazia…
Mais uma historia.
Mais um.
Nem o senti.
Passou.
Durou o tempo previsível da paixão…mas o amor não chegou…
Como nunca chega, como já não chega…
Culpo-te por me teres dado tudo…
Sou bem mais feliz sem ti, e não há dia que passe que não me orgulhe do caminho que percorri para me libertar… Mas perdi o brilho, a inocência que tinha…a capacidade de acreditar...a capacidade de amar.
Tantas historias, tantos sentimentos, tantas entregas, tantos momentos…
Já não fazes parte de nada.
Memórias que carrego…hoje as boas, ontem as más…no entanto é o que vivi contigo que me prende, que me aprisiona, que me tornou assim…
Culpo-te por me teres amado demais.
Culpo-te.
20/12/2006
Para sempre ou até ao fim?!?!
"Nao precisa ser para sempre, mas precisa ser ate o fim!" - Rosana Braga
"Para sempre" é nada mais nada menos que um dia depois do outro. Ou seja, é construção. Em princípio, não existe. Mas basta que façamos a mesma escolha sucessivamente e teremos construído o "para sempre".
O que quero dizer é que o "sempre" não é magia nem tão pouco um tempo que pré-exista. Ele é consequência. Nada mais que consequência de uma sucessão de dias, vividos minuto por minuto.
Quanto ao amor,há quem acredite que só é de verdade se durar "ate que a morte os separe". Outros, como o grande Vinicius de Moraes poetizou, apostam no "que seja eterno enquanto dure". Eu, neste caso, admiro a coragem de quem vai até ao fim, de quem se entrega inteiramente ao que sente, de quem se permite viver aquilo que o seu coração pede até que todas as chamas se apaguem. Mais do que isso: até que as brasas esfriem e " depois de todas as tentativas " nada mais possa ser resgatado do fogo que um dia ardeu.
Claro que não estou a defender a constância indefinida de atitudes desequilibradas, exageros desnecessários ou situações destrutivas. Mas concordo plenamente com o que está escrito no comovente "Quase", de Sarah Westphal (muitas vezes atribuído a Luiz Fernando Veríssimo): ... "Prós erros há perdão; prós fracassos, chance; prós amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar" ...
Porque de corações partidos por causa de um amor vivido pela metade estão as ruas cheias. Assim como de almas que perambulam feito pontos-de-interrogação, a questionarem-se o que mais poderiam ter feito para que o outro também estivesse presente, para que não fugisse tão furtivamente, tão cobardemente, tão sordidamente.
É por isso que insisto: muito mais do que nos preocuparmos com o "para sempre", precisamos começar a investir no "até o fim", para que o "agora" tenha mais significado, para que as intenções, as palavras, as atitudes e todos os recomeços façam parte de uma historia mais sólida, menos prostituída, que realmente valha a pena.
Sei que, em alguns casos, motivos de força maior impedem um amor de ser vivido (e daí a separação pode ser sinal de maturidade), mas na maioria das vezes o que afasta dois corações é muito mais intolerância, ilusões ou auto-defesas tolas do que algo que realmente justifique o lamentável desfecho.
O outro não quer? Desistiu? Acobardou-se? Ok! Por mais imbecil que seja, é um direito dele. Está certo de que fizeste o que estava ao teu alcance e depois... bem, depois recolhe-te e pondera: "prós amores impossíveis, tempo". Tempo em que tu acabarás por descobrir que a vida tem o seu jeito misterioso de fazer o amor acontecer, mas que " no final das contas " feliz mesmo é quem, apesar de tudo, tem coragem de ir até o fim!
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