sábado, 22 de dezembro de 2007
sábado, 1 de dezembro de 2007
terça-feira, 27 de novembro de 2007
A paixão é o verbo amar no gerúndio. Enquanto o amor por si só, etimologicamente é construído apenas a partir do belo e do digno, a paixão diferentemente do amor poderá ter sua constituição no bem e no mal, enquanto o amor não julga e se compadece resignado, a paixão é o impulso criativo da perpetuação da vida. Amar está desligado do tempo, não tem urgência e não produz mais do que uma ou duas histórias bonitas. A paixão dilacera, corrompe, não respeita os dias, pois vive e se alimenta apenas do segundo. A paixão está no movimento e na continuidade cíclica que persegue o objecto desejado.
Toda paixão é desmedida, a paixão é obsessão implícita, que marca a carne, a paixão rejeita a razão. Não dorme, não come e não escova os dentes. Renova-se como a cobra troca de pele. Todo o homem que um dia viveu uma paixão e mesmo ela tenha sido abrandada pelo amor do seio de outra mulher, não irá esquecer jamais. A paixão não tem partes destacáveis, é completo e na carne permanece. A paixão é o que movimenta Ares para a guerra, que conduziu o Cristo para seu calvário. É o que cria o novo. Enfim, o amor está para a água assim como a paixão para a gasolina.
sábado, 24 de novembro de 2007
É natural que quem quer "elevar-se" sempre mais, um dia, acabe por ter vertigens. O que são vertigens? Medo de cair? Mas então porque é que temos vertigens num miradouro protegido com um parapeito? As vertigens não são o medo de cair. É a voz do vazio por debaixo de nós que nos enfeitiça e atrai, o desejo de cair do qual, logo a seguir, nos protegemos com pavor. (...)
Poderia dizer que ter vertigens é embriagarmo-nos com a nossa própria fraqueza. Temos consciência da nossa fraqueza, mas, em vez de resistir-lhe, queremos abandonar-nos a ela. Embriagamo-nos com a nossa própria fraqueza, queremos ficar ainda mais fracos, cair por terra em plena rua à frente de toda a gente, ficar por terra, ainda mais abaixo do que a terra.
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
domingo, 18 de novembro de 2007
O mesmo se passa com aquele ou com aquela que se fica no vazio dos seres. Não passam de vazios os seres que não são janelas ou frestas para Deus. É por isso que, no amor vulgar, só amas o que te foge. De outra maneira, vês-te saciado e descoroçoado com a tua satisfação.
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Se alguns actos humanos podem ser considerados sem causa, são os pequeninos actos gratuitos e simples do homem normal: assobiar quando passeia, partir a grama com a ponta da bengala, bater com os calcanhares ou esfregar as mãos. É esse homem feliz que faz coisas inúteis; o doente não é bastante forte para esses desperdícios. São exactamente esses actos descuidados e sem motivos que o doido não pode compreender; porque o doido (como o determinista) vê geralmente causas demais em todas as coisas. Naquelas actividades gratuitas ele é capaz de descobrir uma significação conspiratória. Pensará que o vergastar a grama é um ataque à propriedade privada; e que o bater de calcanhares é um sinal transmitido a algum cúmplice escondido. Se o doido pudesse ficar um só instante descuidado ficaria curado. Aqueles que tiveram a infelicidade de privar com uma pessoa mergulhada ou mesmo na orla da desordem mental sabem que a mais sinistra qualidade desse estado é uma horrível clareza nos detalhes; é a conexão de uma coisa com outra numa espécie de mapa mais elaborado do que um labirinto. Se um de nós quiser discutir com um doido, é extremamente provável que ele leve a melhor, porque em muitos pontos seu espírito é mais rápido do que o nosso, não estando preso a certas coisas que atrasam um bom julgamento. Ele não se embaraça com o senso de humor, com a caridade, ou com algumas certezas de experiência. Tornou-se mais lógico pela perda de certas fraquezas saudáveis. Realmente, a definição vulgar da insanidade mental é, nesse sentido, um equívoco. O doido é o homem que perdeu tudo, excepto a razão.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
Segundo Freud (1974), o luto profundo, como reacção à perda de alguém que se ama, pode ser resumido como um estado de espírito penoso, na cessação de interesse pelo mundo externo, na perda da capacidade de adoptar um novo objecto de amor (o que significa substituí-lo) e no afastamento de toda e qualquer actividade que não esteja ligada a pensamentos sobre ele. O indivíduo em luto geralmente experimenta um desejo de reparar a perda e destruir o objecto que foi interiorizado como “bom” (Baker, 2001). É impossível prever quanto tempo durará o “período de luto”, assim como é difícil determinar o momento em que ele começa efectivamente (Giusti, 1987). Segundo Féres-Carneiro (1998), o tempo de elaboração do luto pela separação pode ser maior do que aquele do luto por morte.
Na medida em que a separação constitui a tão desejada solução para um problema que não poderia ser resolvido de outra forma, deveria, então, ser vivida como uma sensação de alívio, mas a mobilização emocional pós-separação, tal como percebida por Maldonado (1995), é intensa, pois a pessoa está diante do medo, da incerteza, da insegurança, que caracterizam a mudança de aspectos importantes de si mesmo. São comuns as atitudes irracionais, ilógicas e impulsivas.
A separação não é só o fim de uma união material, mas também a quebra de vínculos, de laços emotivos, sexuais e afectivos, criados, segundo Giusti (1987), tanto pelo amor como pelo ódio, pelas brigas e pelas reconciliações. Dependendo de quem é o responsável pelo término da relação, diferentes tipos de dor são sentidas. Embora seja considerado ruim para ambos, costuma sofrer mais aquele que é percebido como deixado. Não porque a separação não doa na pessoa que terminou, mas, segundo Colasanti (1986), porque este, para aliviar sua dor, tem o estímulo do impulso que o levou a agir e o sentido de renovação. Para quem quer separar-se, o que predomina, inicialmente, é o alívio, às vezes a euforia, por se ver livre do peso e da tensão da situação infeliz. A sensação de alívio amortece o impacto. Há a novidade, as mudanças, a passagem de um passado conhecido para um futuro sem previsões. Depois, costumam vir culpa e tristeza. Surgem aí, com toda força, os bons momentos, sonhos desfeitos, a tristeza pelo que poderia ter sido, mas não foi, pelo que não foi possível manter.
Os sentimentos de ódio e frieza, nessas horas, surgem para suavizar ou neutralizar os sentimentos de pesar e de culpa, que talvez doam muito mais. Pensar com raiva só nas coisas ruins anestesia a dor de lamentar o que não deu certo. Em meio ao ódio, ao ressentimento e à dor, vem a tendência a denegrir, difamar e rebaixar o ex-parceiro para convencer-se de que não perdeu grande coisa. Se, aos olhos da pessoa, o outro fica desprezível, será mais fácil acabar. Os defeitos se ressaltam, as qualidades passam para segundo plano no esforço de sentir menos as perdas ou de não se arrepender da decisão de separar-se (Maldonado, 1995). Quanto mais longa e íntima for a união, provavelmente mais desolador será o momento da separação, mesmo se a intimidade era produto de sofrimentos, incompreensões e ofensas (Giusti, 1987).
Diante da percepção de que a decisão do outro é irreversível, costuma vir a depressão, quase sempre acompanhada pelos sentimentos de auto depreciação, pena de si mesmo, baixa auto-estima. As etapas se mesclam, principalmente a depressão com auto desvalorização e a raiva com o ataque ao parceiro, a vingança e a hostilidade (Maldonado, 1995; Mearns, 1991). A depreciação da pessoa amada, segundo Klein e Rivière (1975), pode ser um mecanismo útil de vasta aplicação que nos permite suportar decepções sem nos tornarmos selvagens. Um certo grau de depreciação de qualquer pessoa ou coisa querida a que se renunciou é provavelmente inevitável, mesmo se configurada em pouco mais que a descoberta do fato de que a pessoa, ou coisa desejada, fora exageradamente idealizada.
É difícil deixar de pensar a respeito da vida e dos actuais sentimentos do nosso antigo companheiro: se ele sente nossa falta, se precisa de nós ou se está reconstruindo sua própria vida. As possíveis novas relações do parceiro podem dar início ao ciúme, inclusive em quem nunca o sentiu. “É possível que um indivíduo deseje estar - ou mesmo, no nível da fantasia, sinta-se - comprometido com uma pessoa amada sem que a recíproca seja verdadeira, e, nesse caso, a interferência de um rival pode gerar o ciúme, apresentando as mesmas características de uma situação triangular real” (Ramos, 2000, p. 32).
O ciúme e o sentimento de posse emergem, especialmente, quando se perdem todos os direitos: se antes tínhamos “o direito de amor exclusivo” sobre uma pessoa, quando ele cessa de existir, surge uma profunda sensação de frustração e de impotência. Às vezes ocorre que, depois da separação, ao mesmo tempo em que se aguça o desejo de possuir e de controlar o outro, acaba-se perdendo toda a motivação para viver e experimenta-se a penosa sensação de estar à deriva (Giusti, 1987). Para Wilson (2000), o término de um romance, mesmo o primeiro, pode disparar uma depressão vitalícia, principalmente nas pessoas que têm uma vulnerabilidade predeterminada a vicissitudes românticas e a deprimir-se durante tais períodos difíceis.
Há pessoas que se protegem do impacto emocional da separação fazendo uma defesa de “anestesia afectiva total” (Maldonado, 1995, p.122): “Eu estou tão estranha, não consigo sentir nem alegria nem tristeza”. Há quem se isole, preferindo ficar sozinho ou em contacto com pouca gente para ter a sensação de paz e de alívio. Vilhena (1991), ao referir-se à separação, enfatiza a questão da “capacidade de ficar só” dos sujeitos e distingue diferentes formas de solidão.
A solidão pode representar uma possibilidade de ficar consigo mesmo ou uma incapacidade de tolerar a indiferença do outro, manifestando-se tanto no isolamento voluntário como na busca compulsiva de companhia. Pouco a pouco, porém, as emoções que nos mantêm impossibilitados de reagir vão sendo reelaboradas e vividas de maneira mais direta e menos dilacerante. “Somos indivíduos reprimidos pelo proibido e pelo impossível, que procuram adaptar-se a seus relacionamentos extremamente imperfeitos. Vivemos de perder e abandonar, e de desistir. E, mais cedo ou mais tarde, com maior ou menor sofrimento, todos nós compreendemos que a perda é, sem dúvida, uma condição permanente da vida humana” (Viorst, 1988, p. 243).
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Interrogação
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do "Cântico dos cânticos".
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.
sábado, 10 de novembro de 2007
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Ruben Alves, in “O Mundo À Minha Procura I”
domingo, 4 de novembro de 2007
Tudo tem importância. Uma pessoa que vive intensamente a sua vida tem prazer e não sente falta de sexo. Quando faz sexo, é por abundância, porque o copo de vinho está tão cheio que transborda naturalmente, porque é absolutamente inevitável, porque ela aceita o apelo da vida, porque ela nesse momento, apenas nesse momento, ela consegue perder o controlo.
sábado, 3 de novembro de 2007
Depois uma pessoa cresce e habitua-se a sofrer. A esperar. A sonhar um bolo gigante a partir de 3 migalhas. A acreditar no impossível. A desejar o impensável. A querer que aqueles que amamos nos tragam o mundo numa bandeja. A isso chama-se carregar pianos. Até ao dia em que uma pessoa se cansa, baixa os braços, olha para o piano, encolhe os braços e diz agora basta. Basta de espera de abnegação, de sonhos, de promessas, de palavras mágicas e inconsequentes. Basta de promessas de amor, de castelos de areia, de adiamentos e hesitações, de ausências e dúvidas. E depois, o mundo vai abaixo. As casas, os prédios, as pontes, tudo se desfaz num estrondo imenso e assustador, que faz quase tanto barulho como um coração que está a bater com a porta. E como é o nosso coração que está a bater a porta, ainda custa mais.
E sentimo-nos a desmanchar por dentro. Não é a partir, é só a desmanchar, como se nada tivesse forma ou fizesse sentido.
(...)
Carregar pianos. Escada acima, quatro andares sem elevador. As costas doem, os braços tremem, as curvas da escada são uma equação impossível de resolver, tudo é difícil, tudo é esforço, tudo é inglório. E o amor transforma-se numa luta, num sacrificio, somos martires da nossa loucura, flagelados pela nossa obstinação e teimosia. E o pior é que, quando chegamos ao fim da batalha e o piano está lá em cima, não era aquela sala, nem aqula casa, nem aqula pessoa.
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
sábado, 27 de outubro de 2007
BACK :)
Demorei para voltar,mas aqui estou.Não morri ,não fugi,nem desapareci do mapa :)
Desculpem a mais que enorme ausência,mas com tanto trabalho,tanta falta de tempo e enorme cansaço,vir aqui tornou-se impossível.
Bem,então pormenores.
Uma semana e meia por Coimbra,em formação,com uma média de quatorze horas diárias de trabalho,e umas quatro de sono,sem descanso,dão cabo de qualquer um. Nem mais,este foi o meu dia-a-dia nestes últimos quinze dias.
Ter a casa no hotel também não ajuda,e mesmo com o portátil por perto ,a verdade é que o cansaço era tanto que quando chegava ao quarto do hotel,era banho e cama.Ligá-lo era mesmo só uma tentativa sonambula frustrada :)
Conheci imensa gente nova: pessoas que adorei,e outras tantas víboras óptimas para aguçar a competitividade :) Vibro com isto :)))
Foram dias enormes... vividos com uma intensidade brutal,mas desgastantes até mais não.
Moral da história,mais uma experiência de vida para juntar ás demais.
De Coimbra,parece mentira,mas tirando o táxi e o hotel Ibis,não parei em mais lado nenhum.Não houve saídas,quer dizer,compras sim,como sempre (o que não é difícil diga-se de passagem ),mas noites... daquelas,nem vê-las. Rendi-me por completo ao cansaço.
Ainda deu tempo para passar na minha casa da Figueira,mas só deu mesmo para apanhar a correspondência,tomar um café e arrancar.
Já estou novamente em Idanha-a-Nova ( aulas universidade),mas neste momento de malas e bagagens para Castelo Branco. Por falar nisso, se alguém souber de uma apartamento para arrendar lá ,T2 ou T3,centro da cidade, que comunique,estou á procura.
De resto,tinha dito que não me iria expor desta forma,tendo em conta a notória falta de anonimato,mas depois de ter passado tanto tempo sem comunicar com voçes,não poderia deixar de ao de leve partilhar convosco uma cadidito de nada destes meus últimos dias.
Este blog continua.
E escusado será dizer que senti a falta de todos :) Senti.
Bem ,sem mais,let's roll...
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
terça-feira, 9 de outubro de 2007
"A cabeça dos seres humanos nem sempre está completamente de acordo com o mundo em que vivem, há pessoas que têm dificuldade em ajustar-se à realidade dos factos, no fundo não passam de espíritos débeis e confusos que usam as palavras, às vezes, habilmente, para justificar a sua cobardia..."
José Saramago
domingo, 7 de outubro de 2007
sábado, 6 de outubro de 2007
O estudo dos símbolos permite compreender com o coração o que poderia estar vedado à inteligência. “O corpo humano proporciona-nos exemplos preciosos e de uma analogia, não só poética mas fundada em factos: o ser humano que sobe por uma encosta, inclina a cabeça, aquele que desce, pelo contrário, a levanta. Isto significa que a humildade é necessária para aquele que quer subir e que o orgulho realiza o contrário de um progresso.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Razões para ler...
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
A experiência do Silêncio.
“Um homem dirigiu-se a um convento de clausura, isto é, um convento onde se vive longe do ruído da cidade e num silêncio desejado. Perguntou a um desses monges:
- Que aprendeis vós com a vossa vida de silêncio?
O monge estava a tirar água de um poço. Disse ao seu visitante:
- Olha para o fundo do poço. Que vês lá dentro?
O homem olhou para dentro e disse:
- Não vejo nada.
O monge ficou algum tempo sem se mover e no final disse ao visitante:
- Contempla agora. Que vês no fundo do poço?
O homem obedeceu e respondeu:
- Agora vejo-me a mim próprio: espelho-me na água.
O monge concluiu:
- Vês? Quando eu mergulho o balde, a água fica agitada. Agora, pelo contrário, está tranquila. É esta a experiência do silêncio: o homem vê-se a si próprio.”
Em todos nós, no mais profundo da alma, há uma subterrânea inquietação, o desejo daquilo que parece sempre escapar-nos, a dor por qualquer coisa que não sabemos bem o que seja. Até quando estamos apaixonados e somos correspondidos, no momento em que nos vamos embora ou o nosso amado parte, mesmo numa seperação breve, aquele sofrimento profundo reaparece. Por vezes reaparece até num momento de felicidade porque aquela felicidade se nos revela fugaz. Nós olhamos para o céu, um pequeno pedaço de céu azul, como que para concentrar nele toda a nossa felicidade e sentimos tristeza porque poderemos recordar aquele céu mas não podemos prolongar esse instante. Experimentamos este sofrimento à noite, sem motivo, de manhã ao acordar sem saber porquê. A nossa alma está construída para desejar algo absoluto e, portanto, inefável e inacessível. Quando estamos ocupados não nos apercebemos disso (…) mas toda a nossa vontade está orientada para a meta e é ela que se ilumina com aquilo que procuramos sempre…
Nunca pretendi ser senão um sonhador. A quem me falou de viver nunca prestei atenção. Pertenci sempre ao que não está onde estou e ao que nunca pude ser. Nunca amei coisa nenhuma. Nunca desejei senão o que nem podia imaginar. À vida nunca pedi senão que passasse por mim sem que eu a sentisse. Do amor apenas exigi que nunca deixasse de ser um sonho longínquo. Nas minha próprias paisagens interiores, irreais todas elas, foi sempre o longínquo que me atraiu, e os aquedutos que se esfumavam - quase na distância das minhas paisagens sonhadas, tinham uma doçura de sonho em relação às outras partes da paisagem - uma doçura que fazia com que eu as pudesse amar.
domingo, 30 de setembro de 2007
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
“Seres humanos nunca pensam por si mesmos, acham muito desconfortável. Na maior parte, os membros de nossa espécie simplesmente repetem o que lhes é dito - e ficam aborrecidos quando expostos à qualquer ponto de vista diferente. O traço característico humano não é o conhecimento mas a conformidade, e a característica resultante é a guerra religiosa. Outros animais lutam por território ou comida; mas, singularmente no reino animal, os seres humanos lutam por suas ‘crenças.’ A razão é que as crenças guiam o comportamento, que tem uma importância evolucionária entre os humanos. Mas numa época onde o nosso comportamento pode nos levar à extinção, não vejo razão para assumir que temos qualquer conhecimento. Somos conformistas teimosos e auto-destrutivos. Qualquer outro ponto de vista da nossa espécie é apenas uma ilusão auto-congratulatória.”
Michael Crichton em “O Mundo Perdido”